A chamada Doença do Silicone é um conjunto de sinais e sintomas relatados por pacientes portadoras de implantes mamários, especialmente próteses de silicone, que sugerem um possível quadro inflamatório sistêmico, autoimune ou disfuncional, mesmo na ausência de alterações clínicas ou laboratoriais específicas.

Embora ainda não seja reconhecida como uma entidade diagnóstica oficial por sociedades médicas como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) ou o Colégio Americano de Reumatologia, ela tem sido amplamente debatida na literatura científica e em fóruns médicos internacionais.

  1. Quais são os sintomas mais frequentemente associados?
    Diversos estudos e relatos clínicos sugerem os seguintes sintomas como os mais comuns entre pacientes que suspeitam da Doença do Silicone:
  • Fadiga crônica
  • Dores musculares e articulares difusas
  • Queda de cabelo
  • Sintomas cognitivos: perda de memória, dificuldade de concentração (brain fog)
  • Distúrbios do sono
  • Palpitações e ansiedade
  • Alterações gastrointestinais (intestino irritável, refluxo)
  • Pele seca, coceira e sensação de inflamação subclínica
  • Alterações hormonais: irregularidades menstruais, sintomas pré-menopáusicos precoces
  • Aumento da frequência de infecções virais, como herpes simples

Esses sintomas, por serem inespecíficos, dificultam o diagnóstico e muitas vezes são confundidos com quadros de fibromialgia, síndrome da fadiga crônica, distúrbios hormonais ou transtornos psicossomáticos.

  1. Qual a hipótese médica para a causa desses sintomas?
    A teoria mais debatida atualmente é a Síndrome Autoimune/Inflamatória Induzida por Adjuvantes (ASIA Syndrome), descrita inicialmente por Shoenfeld et al. (2011).
    Ela propõe que substâncias biocompatíveis (como o silicone) podem funcionar como adjuvantes imunológicos, provocando respostas inflamatórias anormais em indivíduos geneticamente predispostos.

O silicone, mesmo sendo considerado biologicamente inerte, pode vazar em pequenas quantidades (bleed) ao longo dos anos, mesmo em próteses íntegras, estimulando o sistema imune cronicamente.

Além disso, em casos de ruptura capsular, contratura grau III/IV ou formação de biofilmes bacterianos, a resposta inflamatória pode ser ainda mais acentuada.

  1. Existe comprovação científica da Doença do Silicone?
    Não há consenso. Alguns estudos mostram associação estatisticamente significativa entre implantes e doenças autoimunes (especialmente artrite reumatoide, lúpus, síndrome de Sjögren), enquanto outros não encontraram relação direta.

Estudos relevantes:

Watad et al. (2018) analisaram mais de 24 mil mulheres e observaram aumento do risco de doenças autoimunes em pacientes com implantes de silicone.

Maijers et al. (2013) descreveram um aumento significativo de sintomas sistêmicos em mulheres com próteses mamárias, melhorando após o explante.

Colaris et al. (2016) acompanharam pacientes que realizaram o explante e observaram melhora clínica importante dos sintomas, mesmo em casos sem doenças autoimunes confirmadas.

Por outro lado, estudos financiados por fabricantes ou de menor tempo de seguimento muitas vezes relatam ausência de relação causal direta.

  1. O explante melhora os sintomas?
    Diversos relatos clínicos e séries de casos mostram que o explante com capsulectomia total pode levar à melhora parcial ou total dos sintomas em muitas pacientes.
    No entanto, não é uma garantia de cura. Alguns fatores que influenciam os resultados incluem:
  • Tempo de exposição ao silicone
  • Presença de ruptura ou contratura
  • Comorbidades autoimunes prévias
  • Estado nutricional e emocional da paciente
  • Técnica cirúrgica (explante simples vs. com capsulectomia total)

O raciocínio médico é que, ao retirar o agente causador da inflamação (o silicone), o sistema imune pode se reorganizar. Mas isso não substitui um tratamento completo, interdisciplinar, com endocrinologista, reumatologista e nutricionista, se necessário.

  1. Considerações éticas e médicas
    A Doença do Silicone não deve ser tratada com alarmismo, mas também não pode ser ignorada.
    Médicos éticos devem reconhecer que, ainda que a ciência não tenha todas as respostas, a escuta ativa da paciente e a investigação cuidadosa são parte fundamental da boa prática clínica.

O explante deve ser uma decisão consciente e compartilhada, baseada em informação de qualidade, análise de risco-benefício e respeito à autonomia da paciente.

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